Foi ontem que lembrei o meu passado
E o fantasma remorso deu um beijo
Só ontem percebi tudo acabado
A luz crua da vida em que me vejo
Um filho desse amor, amor pecado
No meu pecado vivo se tornou
E chora, e fica triste
Sempre que canto este meu fado
Fado do amor que o amor matou
Foi ontem como hoje
E sempre e sempre o que há de vir
Oh, Deus, dá-me sossego p′ra dormir
Foi ontem que fechei os olhos teus
Mas novamente veio a primavera
E eu que julgava ter fechado os meus
Outro ninho, ciclo ou folhas dera
Foi ontem que fugiu, outra o levou
Por que será que tudo me castiga?
Por que será que eu canto esta toada
Esta cantiga que a experiência da vida me ensinou?
Foi ontem, como hoje
E sempre e sempre o que há de vir
Oh, Deus, olha por mim, quero dormir