Eu sempre andei descalco
No encalco dessa menina
E a sola dos meus passos
Tem a pele muito fina
Eu sempre olhei nos olhos
Bem no fundo, nas retinas
E a menina dos olhos
Me mata, me aluncina
Eu sempre andei sozinho
A mao esquerda vazia
A mao direita fechada
Sem medo por garantia
De encontrar quem me ama
Na hora que me odeia
Com esse punhal de prata
Brilhando na lua cheia
Mas eu nao quero viver cruzando os bracos
Nem ser cristo na tela de um cinema
Nem ser pasto de feras numa arena
Nesse circo eu prefiro ser palhaco
Eu so quero uma cama pro cansaco
Nao me causa temor o pesadelo
Tenho mapas e rotas e novelos
Para sair de profundos labirintos
Sou de ferro, de aco de granito
Grito aflito na rua do sossego
Sossego
Mas na verdade e mentira
Eu sou o resto
Sou a sobra num copo, Sou subeijo
Sou migalhas na mesa
Sou desprezo
Eu nao quero estar longe
Nem estou perto
Eu so quero dormir de olho aberto
Minha casa e um cofre sem segredo
O meu quarto e sem portas, tenho medo
Quando falo desdigo, calo e minto
Sou de ferro, aco e de granito
Grito aflito na rua do sossego
E o que prende demais minha atencao
e um touro raivoso na arena
Uma pulga do jeito que e pequena
Dominar a bravura de um leao
Na picada ele muda a posicao
Pra cocar se depressa, com certeza
Nao se serve da unha e da presa
Se levanta da cama e fica em pe
Tudo isso provando como e poderosa e suprema a natureza
E eu desconfio dos cabelos longos de sua cabeca
Se voce deixou crescer de um ano pra ca
Eu desconfio no sentido 'Stricto'
Eu desconfio no sentido 'Lato'
Eu desconfio dos cabelos logos e desconfio do diabo a quatro
Do diabo a quatro
Do diabo a quatro